Em nossas diversas interações e parcerias com empreendedores do ramo educacional nesse último ano, pudemos testemunhar a profunda conexão entre repertório social e aprendizado, especialmente quando se trata de crianças.
Vivenciar rotineiramente dificuldades como a fome, a falta de saneamento básico, a violência doméstica e a precariedade na moradia não impactam apenas o bem-estar físico e emocional das crianças, mas também sua capacidade de aprender e se desenvolver plenamente. Afinal, como alguém que luta pelo básico pode se sentir motivado e ter foco para aprender assuntos que, quase sempre, parecem não lhe dizer respeito?
Além disso, em muitas localidades brasileiras, há ainda uma dificuldade de aprendizagem por gaps culturais, com a falta de acesso a livros, teatro, cinema e cultura em geral.
Esses obstáculos sociais acabam se tornando barreiras invisíveis, limitando o potencial de cada estudante. Mas, afinal, é possível superar desafios tão complexos e individuais dentro da sala de aula?
A resposta é sim. Existe um elemento poderoso capaz de transformar essa realidade: o ato de contar histórias. Mas não uma história qualquer, a sua própria.
Compartilhar vivências, ensinamentos e experiências é uma ferramenta fundamental para o aprendizado. Quando as crianças têm a oportunidade de se expressar e serem ouvidas, ganham confiança, desenvolvem habilidades de comunicação e adquirem uma compreensão mais profunda do mundo ao seu redor.
Nesse contexto, os professores desempenham um papel central. Eles não apenas transmitem conhecimentos, mas também podem ser mentores, guias e incentivadores incansáveis. São eles que têm o poder de cultivar um ambiente seguro e inclusivo, onde cada criança se sinta valorizada e capaz de crescer. O incentivo e o apoio dos professores são essenciais para encorajar as crianças a compartilharem suas histórias e a se tornarem participantes ativos na sua própria jornada de aprendizado.
Alguns exemplos de atividades nesse sentido, são:
- A realização de projetos de criatividade, onde os estudantes são encorajados a expressar suas ideias e experiências por meio da escrita ou pinturas, estimulando a imaginação e a habilidade de comunicação;
- Dentro dessa ideia, por que não incentivar a criação de livros – com textos e ilustrações dos próprios alunos – e promover uma noite de autógrafos, por exemplo, valorizando o trabalho deles?
- Outra possibilidade é a realização de ciclos de contação de histórias, onde cada aluno tem a oportunidade de compartilhar suas vivências e perspectivas, promovendo a empatia e o respeito pela diversidade de experiências.